Tuesday 18 November 2008

Danca da fertilidade:

Dança da fertilidade:

Só, ela danca.
Inteira e nua.
Retorna à terra .
Ali,
onde se abandonam os corpos dos amantes,
o seu ventre recebeu a promessa inicial
e um novo ser germinou nessas entranhas,
alimentado por essa força anímica por mim soprada no seu ventre,
antes da reunião final,
quando incorporada na terra ela renasce mãe,
por entre as minhas mãos abertas
no extase de quem abarca o mundo.

Morgana Ray

The inner child:

The inner child:
Against the wind,
weakness struggles.
Underneath the skin,
sharp glass shattering
the flesh in flames.
Self - centered,
embracing the world,
the barefoot child is dancing,
streams of tears rolling down her infant face.
Her eyes are now widely enlarged.
With the innocence of her vigilant soul,
staring at the woman I am.
Today.
At the grief of loving.
The incidious, smooth voice that brings you to love.
To anger.
To hurt.
To redemption.
To forgiveness.
The chilling breeze that comes from within and leaves you numb,
Unknown, the infancy.
Love that tears you apart when you grow captive.
Like butterflies in an alegoric tale of lust and deceive.
Together, embodied, as one.
Their voices echoing endlessly among the tears.
Their eyes gazing in my surreal face.
My inner child.

Morgana Ray, London 2008

Sunday 16 November 2008

Promessa:

Promessa

Hoje quero dar-te
a nudez branca e completa
do corpo entregue com alma.
e, a branco moreno e crú
inscrever-te na pele suada
o rubor veemente e uniforme
do desejo noturno partilhado.
Ao ressoar desse teu grito de alma
quero desapossa-lo
do espaco exiguo do corpo
para que se liberte
possante e louco
o corpo que de dois se completa.
Devolves-me a alma no fluxo do beijo.

Morgana Ray

Infinito Amor :

Infinito Amor :

Ela está só.
Na penumbra.
Estranho o universo dos que esperam.
Ébria de longas madrugadas, afoga-se na noite.
Alvorada.
Os olhos cerraram-se,partindo dessa luz branca, nacarada.
Como no sono monocromático dos mortos.
Porque a ansiedade pelo toque dele?
A repetição dos gestos?
A ritualização do amor?
A escrita criográfica do tempo na pele.
Para que quebrar este fluxo?
Um gesto agonizante de despedida.
Brutal.
Um momento de exaustão, de ternura.
Avassalador.
Voraz.
Proferir a derradeira palavra.
Imortal.
Emergir da ferida aberta.
Profunda.
Certeira.
Forçá-lo a refletir .
Incitá-lo a busca.
Ingressar no cortejo padronizado dos que marcham para o incerto.
Sempre que quiseres, podes reinventar-me - diz-lhe - naquele timbre velado de menina -mulher.
Suave, como se lhe anunciasse o nascimento.
Solene.
Como se lhe comunicasse a sua propria morte.
- Quero morrer para que no vazio ainda te apercebas de mim.
Para que acaricies o meu rosto - sombra.
Esses teus dedos longos e gentis, pousando levemente, na negritude da noite.
Para que não me vejas.
Não sintas o toque.
Apenas me desejes.
Muito.
Loucamente.
Como algo que não podemos possuir enos cativou para sempre.
O desejo reaparece, Incandescente, na penumbra.
Para ela, as mãos dele estão sempre pousadas sobre as suas.
E por ele passa as noites em claro.
Vela para que não cesse de o sentir.
Para que não deixe de o contemplar.
Esse rosto amado.
Por entre os seus dedos.
Magros.
Longilíneos.
Num amor doloroso e infinito.

Morgana Ray

A Criança :

A Criança :

De encontro ao vento ,a fraqueza debate-se.
Farpas de vidro sob a pele.
Os seus olhos alcançam além-mundo.
No centro de tudo, a criança dança.
Lagrimas rolam em catadupa pela sua face magra.
Os olhos estão agora penosamente alargados.
Contempla com a pureza dos seus olhos de alma a mulher que sou.
A voz velada que te convida a amar.
A sofrer.
A perdoar.
Aquele frio cortante que vem de dentro e te deixa nublada.
A infância que não conhece.
O amor que magoa quando se cresce e nos aprisiona sem retorno.
Contempla a dor do amor.
Sente-a à flor da pele, como borboletas, numa inebriante teia de cores e enganos.
Juntas, completamente entregues.
As suas vozes misturam-se no pranto.
O seu olhar no meu semblante.
Um rosto devastado.

Morgana Ray