Sunday 16 November 2008

Infinito Amor :

Infinito Amor :

Ela está só.
Na penumbra.
Estranho o universo dos que esperam.
Ébria de longas madrugadas, afoga-se na noite.
Alvorada.
Os olhos cerraram-se,partindo dessa luz branca, nacarada.
Como no sono monocromático dos mortos.
Porque a ansiedade pelo toque dele?
A repetição dos gestos?
A ritualização do amor?
A escrita criográfica do tempo na pele.
Para que quebrar este fluxo?
Um gesto agonizante de despedida.
Brutal.
Um momento de exaustão, de ternura.
Avassalador.
Voraz.
Proferir a derradeira palavra.
Imortal.
Emergir da ferida aberta.
Profunda.
Certeira.
Forçá-lo a refletir .
Incitá-lo a busca.
Ingressar no cortejo padronizado dos que marcham para o incerto.
Sempre que quiseres, podes reinventar-me - diz-lhe - naquele timbre velado de menina -mulher.
Suave, como se lhe anunciasse o nascimento.
Solene.
Como se lhe comunicasse a sua propria morte.
- Quero morrer para que no vazio ainda te apercebas de mim.
Para que acaricies o meu rosto - sombra.
Esses teus dedos longos e gentis, pousando levemente, na negritude da noite.
Para que não me vejas.
Não sintas o toque.
Apenas me desejes.
Muito.
Loucamente.
Como algo que não podemos possuir enos cativou para sempre.
O desejo reaparece, Incandescente, na penumbra.
Para ela, as mãos dele estão sempre pousadas sobre as suas.
E por ele passa as noites em claro.
Vela para que não cesse de o sentir.
Para que não deixe de o contemplar.
Esse rosto amado.
Por entre os seus dedos.
Magros.
Longilíneos.
Num amor doloroso e infinito.

Morgana Ray

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